17 março 2011

The Strokes: Angles [2011]


Como é complicada a atividade da crítica às vezes. Precisamos buscar e avaliar elementos numa esfera muito subjetiva que, claro, vai fazendo comparações e buscando padrões à medida que tomamos contato com mais e mais objetos do nosso campo de avaliação. Precisamos tentar explicar o inexplicável... julgar o que nos agrada baseado em nossa experiência... ser, muitas vezes contraditórios, metafísicos...

Mas chega de filosofia. O que Angles, novo disco da sempre cultuada The Strokes, trouxe para nós, meros ouvintes e críticos de coração?
Serei incisivo: Angles é um disco muito bom! Tem muita coisa boa, outras, talvez, nem tanto, consegue soar como o Strokes que você espera ao mesmo tempo que parece ser totalmente novo. Em pouco tempo conquistou elogios apaixonados e despertou a fúria de muitos fãs que não entenderam a proposta... Teria o Strokes saído de forma, voltado à forma ou criado uma nova forma?

O disco está banhado em guitarras com chorus, teclados com timbres modernosos, infindáveis riffs de baixo e guitarras que muitas vezes confundem os timbres propositalmente... apesar de ter aquele som de música ao vivo típica dos primeiros trabalhos, Angles parece funcionar melhor no player do que no palco. Percebe as contradições, amigo leitor?

O disco começa muito bem, o que é fundamental numa primeira audição. Machu Picchu tem a pegada típica da banda, com os vocais filtrados de Casablanca unindo-se às guitarras cheias de modulação de Nick e Albert numa faixa executada com energia. Under Cover of Darkness com seus bends “desafinados” foi ouvida à exaustão, pois foi liberada semanas antes. Ela é tão Strokes e tão não-Strokes! Ouçam Aristóteles virando no túmulo...

Two Kinds of Happiness soa bem anos 80 tanto no timbre de bateria, quanto na guitarra palm-mute, mas isso até o vigoroso refrão. You’re So Right tem vocais lentos numa levada rápida, com bastante sintetizador, dando um ar mais escuro à canção. Os vocais servindo de efeitos sonoros lembram Radiohead... A coisa se anima com Taken For a Fool, minha favorita, com um refrão que gruda fácil e com uma melodia bem característica. Bem Strokes isso, não? Games é a mais fraca do álbum, um tecno leve, talvez a faixa que tenha mais cara do novo Strokes, mas achei repetitivamente chata. A ótima Call Me Back, é quase um duo voz-guitarra, uma bossa psicodélica com um clima que lembra Radiohead das antigas novamente. Gratisfaction tem um refrão bem bacana e grudante, cheio de vozes, já os riffs sinistros de Metabolism aliam vocais bem dramáticos e camadas de sintetizadores com um final repentino, o que ajuda no clima tenso da faixa. Life Is Simple In The Moonlight fecha Angles com estilo, que tem um ar meio bossa, com melodia estilo Belle and Sebastian e intervenções constantes da banda numa conclusão satisfatória.

Angles é um disco curto, menos de quarenta minutos... talvez você não tenha entendido ou aceitado a proposta da banda em uma primeira audição, mas abandone as velhas suposições e tente simplesmente curtir, bater o pé, cantarolar... quem sabe você mude de opinião! A arte é assim mesmo! Contradiga-se e seja feliz!


NOTA DO LUKITA:

Ouça a faixa Machu Picchu :


Ouça a faixa Taken For a Fool:


Ouça a faixa Life Is Simple In the Moonlight:


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Um comentário:

jboccoli disse...

Curti o review, mas a música que mais me remete a Belle & Sebastian não é a última, é a Gratisfaction.