02 maio 2011

Akron/Family: The Cosmic Birth & Journey of Shinju TNT [2011]


Em uma de minhas resenhas recentes, analisei algumas peculiaridades da atividade da crítica musical. Como ela pode ser desafiadora, contraditória, frustrante, agradável. Pelas andanças musicais que faço, numa busca diária pelas sonoridades recentes, deparo-me com quase tudo que você possa imaginar. Separo e trago o que acho relevante, primordialmente pelo aspecto artístico e que possa ser interessante conhecer.

E as surpresas são muitas! Negativas e positivas! Algumas são mais do que positivas, admito. Algumas são verdadeiros achados, oásis sonoros que refrescam e aliviam minha sede musical e como é regozijante, sendo um amante de música por mais de vinte anos, ser surpreendido! Ao ponto de nem saber por onde começar a escrever uma mera crítica, forçando o meu amigo leitor a ler esse tipo de devaneio...

O novo trabalho do trio americano de folk-rock-indie-progressivo-psicodélico-alternativo-new age-experimental Akron/Family, seu quinto álbum chamado misteriosamente The Cosmic Birth & Journey of Shinju TNT que, segundo os integrantes do grupo, nem eles mesmos sabem ao certo o que significa, inicia com uma pancada sonora. Silly Bears, uma pequena obra-prima com percussão tribal e guitarras fuzzy, sendo acrescida de linha de baixo hipnótica e acordes de teclados em fade in, fade out em um redemoinho sonoro cativante e misterioso que, junto com os backings harmonizados e o vocal soft de Seth Olinsky, fica ainda mais exótica!

O clima muda para a depressiva Island que parece ter saído da mente perturbada de Roger Waters. A AAA O A WAY, o nome de música mais divertido que já digitei na vida, começa com uma vocalização com cara indígena e vira um lamento blues tão de repente que chega a assustar, cortando nossa viagem existencial no meio e indo sem pausa para So It Goes, que lembra Beatles e David Bowie na fase alemã. São tantas idéias que nossa mente viaja para vários cenários em segundos... a faixa termina macia, macia, macia...

E mais uma paulada com Another Sky, meio baião, meio música indiana, bem fuzzy também, um mantra no qual Olinsky reza: “The first light of the morning echoes the song in my heart”. Só faltou o narguilé! Ou não, não é mesmo?! Light Emerges é uma brincadeira com xilofones em estéreo e baixo pulsante, com melodia agradável que poderia estar no disco Meddle do Pink Floyd. Cast A Net com seu arpeggio e vocais harmônicos é mais um transe meditativo. Fuji I e Say What You Want mesclam pegada hard à la Black Sabbath e escalas orientais. A partir daí o clima folk e pacato predomina. Ouça Fuji II com seus ruídos ambientes, som de crianças e sintetizadores preparando a entrada de mais um vocal suave. Canopy parece uma canção de ninar moderna e melancólica, enquanto Creator conclui o álbum de modo igualmente lento, em uma espécie de hino, sem sabermos ao certo de qual religião, entoado para sabe-se lá qual entidade!

Um disco instigante e desafiador, apesar de menos experimental que seus trabalhos anteriores, mas que deixa o ouvinte sempre curioso pela próxima idéia, pelo próximo cenário e que exige algumas audições atentas e dedicadas.

NOTA DO LUKITA:

Ouça a faixa Silly Bears:


Ouça a faixa Another Sky:


Ouça a faixa Canopy:


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